27 setembro, 2005

Fumar Mata! ... ou talvez não!

Estava todo amarrotado, a marca já nem se via, porém as letras pretas em fundo branco e de tamanho considerável saltavam à vista do mais distraído... sim era um ex-maço de cigarros que estava no chão da rua mesmo à minha frente.
Levantei o olhar e vi, um homem idoso apoiado numa 'canadiana' por um braço, enquanto o outro pendia ao lado do corpo, sem vida, à semelhança de uma das pernas. Digno de dó devido à sua enfermidade.
Rapidamente somei as duas imagens, não consegui deixar de viajar no tempo... alguns anos atrás pude ver aquele homem (ou qualquer outro) numa colectividade de bairro, estava na companhia de amigos (pelo menos naquele lugar eram amigos), jogavam às cartas, e no meio de um intenso nevoeiro (género Londres) podia ver uma luzinha alaranjada que, de vez em quando, surgia qual farol em noites de nevoeiro, só que aparecia alternadamente em diversos pontos.
Uma das luzes estava na ponta de um cigarro que se alojara violentamente entre os dedos amarelados deste meu amigo... Coincidência ou não, a luz brilhava com maior intensidade, cada vez que, no intervalo de uns tremoços regados por 4 ou 5 imperiais e uma carta arremessada contra o tampo da mesa, a sua mão era forçada, por uma qualquer força invisível, a içar aquele teimoso cigarro até ao nível da boca, onde a mesma força, constrangia os lábios a abocanhar a extremidade oposta do cigarro e num impulso desmedido aspirava...

Este homem da minha parábola pode ser qualquer que no momento do prazer não quer em absoluto saber como será quando chegar aquele dia, em que o diagnóstico do médico lhe proporcionar, ou melhor, o forçar a reflectir na sua vida passada e no no seu curto futuro.
Nos momentos de reflexão que se lhe seguirão arrepender-se-á certamente de muitos erros cometidos.
Os amigos e família lamentarão a sua desdita.

Pergunto eu mas naquela altura os referidos e viciantes objectos não tinham a mesma advertência que hoje neles vemos? Respondo: Sim.
Uma questão salvadora aflora o meu pensar (sim porque queremos salvar o homem da sua culpa) : O homem sabia ler? ... Um silêncio precede a minha resposta desiludida, sim, ele sabia ler, pois instantes antes tinha-o visto a ler o jornal desportivo daquele dia.

Sou levado a concluir que não vale a pena escrever o que ninguém quer ler. Pois não muda a vontade de ninguém, ler no maço de tabaco que "Fumar Mata", quando já o comprou e pagou.
Por outro lado, não existe um único ser humano, pelo menos nas sociedades ocidentais , que não esteja ciente dos problemas graves de saúde que o tabaco provoca.

Ouvi alguém dizer que as desculpas não se pedem, evitam-se. Parece-me que podemos aplicar a mesma verdade a este contexto. Porque não começar cada um de nós a pensar mais cedo, que não é sempre linear, que teremos oportunidade de repôr os erros que cometemos.

Há muitas mais coisas que matam o tabaco é só uma delas.

Nesta vida temos as mesmas oportunidades de acertar que temos de falhar, porém nem sempre acertamos ou falhamos por acidente. Muitas vezes, para não dizer todas as vezes, somos nós os responsáveis pelo acerto ou pelo erro. É uma questão de escolha.
Já basta 'sofrermos' por aquelas em que não temos escolha. Porque razão havemos de insistir em errar nas nossas escolhas, entrando numa espiral de erro sobre erro?
A desculpa que invocamos é que 'errar é humano'. Mas acertar é também um atributo que possuímos, assim acertemos em nossas escolhas e os erros serão minorados.

Concluo que: Fumar não mata. A ignorância quanto aos malefícios do tabaco também não mata. As empresas tabaqueiras também não matam. A publicidade ao tabaco também não mata.

Então o que de facto mata é a falta de respeito do ser-humano para consigo mesmo e para com os outros à sua volta.
São aliás os mais lucrativos negócios do planeta aqueles que desrespeitam o valor da vida humana (exemplos: Armas, Drogas, Sexo, Tabaco etc).

Resta-nos pois uma solução para os problemas desta vida... Escolhas acertadas baseadas no respeito por nós e pelo próximo.

Mas como fazer escolhas certas? Como sabemos quais são as escolhas certas? Qual o padrão?

...fica para a próxima... :)

1 comentário:

david disse...

Sisto der, apoio.
Sisto der, até estou curioso relativamente à identidade da pessoa que está a ver sisto dá, porque não faço mesmo a mínima ideia quem ela é.
Votos para que a muita água deste embrião blogueista possa dar muita água.
Grato pela visita ao "Primavera...".
Sem outro assunto de momento.
P.S. - Deixei de esfregar Halibut na testa e queimei a embalagem que tinha em casa.