30 setembro, 2005

Era uma vez uma chávena de café!

Como toda a gente sabe hoje é dia de luto nacional. Salvo uma rara excepção (acerca da qual teceremos algumas ideias mais à frente), todas as equipas portuguesas presentes em competições europeias, conseguiram o prodigioso feito de perder com adversários claramente inferiores.
Pronto já disse o que tinha a dizer.
Quanto aos portadores daquele emblema nortenho que ostenta o nome do Orgulho Nacional (uma bolacha já ia, afinal o que é Nacional é bom), o Vitória de Guimarães, de facto honrou a nossa História; estou mesmo a imaginar a Sô dôna (é assim que se diz) Teresa, em meio a uma dentada numa mega perna de perú, ainda com pontas de penas agarradas, a dizer aos seus companheiros comensais: "estais a bêr? é axim que se dá purrada nos gajuses, us meuxz meninus xão um zzxpetáclo", do outro lado da mesa encontra-se um mastodonte, uma enormidade de homem, bêbado que nem uma pipa de wisky, vociferando um som gutural, para muitos era um rugido, som esse a que séculos mais tarde viríamos a chamar de 'arroto', voltando-se para os seus fedorentos amigos dizia: "o raio da velha não percebe nada de bola tá pr'ali a mandar postas de creolina, vou ter que lhe dar porrada outra vez.". Eis senão quando, irrompe pelo salão a dentro um marroquino, montado num camelo chamando nomes horrendos à velha dona Teresa; neste meio tempo o autor desta crónica parou para pensar, diante de seus olhos podia ver uma mulher, com um penteado em forma de chifres, seu cabelo enrolado em duas protuberâncias que se erguiam do seu caspento couro cabeludo, a sua face apresentava uns tons estranhos e não naturais, também as proporções da mesma eram informes e desajustadas num tom azulado. Numa de suas mãos ostentava uma brutal perna de perú que a todo o custo tentava abocanhar com os únicos dois negros dentes que ainda tinha, na outra mão, dois brutais troncos de pinheiro amarrados ao seu braço tentavam desesperadamente segurar os ossos partidos por um tal de Afonso num de seus muitos acessos de raiva. Voltando ao mundo real ali estava o marroquino, munido de um colete com saliencias pontiagudas, algo parecido com facas, untadas com um poderoso picante feito de umas malaguetas especilmente cultivadas para o efeito.
Bramando sons inintelígiveis começados por 'Al' dirigia a sua montada na direcção da coitada da senhora, impedido pelas mesas e pelos degraus existentes no salão, e aproveitando para olhar para o teletexto na televisão procurando saber os números do euro-milhões, viu-se na necessidade de desmontar e continuar a sua alucinada missão de se 'espetar' na senhora e assim alcançar o paraíso como recompensa pela sua entrega à causa moura. Dando encontrões nos plebeus empregados de mesa, parando no aquário dos mariscos para encomendar uma sapateira, e depois de beber uma imperial e comer um pires de tremoços no balcão, lá chegou junto da senhora. Os sons 'Al' continuaram e com um esgar, mesclado com um sorriso, preparava-se para dar um mortal por cima da mesa, indo caír mesmo no colo da senhora, para uma vez confortávelmente instalado na sua mortífera posição, desferir então fatal o abraço. Eis senão quando uma gigantesca mão o levanta do chão, pegando-lhe pelo pescoço, por entre dois rugidos (arrotos), muitos 'perdigotos' e restos de carne cuspidos à velocidade do som, os quais viriam a alojar-se na epiderme do pobre bárbaro, provocando-lhe assim aquele efeito 'acne' para o resto da vida, com a agravante de passar a ter mau hálito quer do lado de dentro quer, do lado de fora da boca, puderam perceber-se algumas palavras: "... olha lá oh estúpido, em primeiro lugar não penses que te safas assim sem pagar a imperial..." Quem era a besta? -> 1º Nome: Afonso, 2º Nome: Baltasar, 3º Nome: Jesuíno (influencias do sul), 4º Nome: Maria (??), 5º Nome: De, Apelido: Henriques (com um nome destes até eu batia na minha mãe), mais tarde por uma questão de patriotismo viríamos a referi-lo apenas por Afonso Henriques (já ouviram falar?). "... e em segundo lugar, deixaste o camelo mal estacionado, e em terceiro, aqui quem bate na velha sou eu".

Depois de pagar a conta e arrumar o camelo, o beduíno levou tamanha trepa, que ainda hoje está inchado e à procura de algumas peças, o pior de tudo é que nenhum grupo o aceita, e nem no paraíso as virgens o querem, pobre rapaz...

E assim se passou mais uma jornada europeia, para desgosto nacional e gozo do resto do mundo (inclusivé do beduíno).

A propósito, já tomava aquele cafézinho....


UM PEDIDO DE DESCULPAS:
Peço perdão a todos os que leram isto, pois causa danos cerebrais irreversíveis.

Espero que voltem...

1 comentário:

david disse...

Muito bom.
A mim não me provocou danos cerebrais, uma vez que me faço acompanhar por eles dia-a-dia.
É bom saber que o "berço da nação" é mais ou menos isto aqui descrito.
Muito bom.